Resenhas e críticas
Resenha do livro Dom Casmurro

O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, até os dias atuais, é aclamado pelos críticos literários como uma das maiores obras de sua época. Esse fato não ocorreu por uma simples ação ocasional, mas pelo fato de que o livro traz uma história um tanto quanto peculiar para sua época, mostrando uma complexidade em sua trama e uma simplicidade de vocabulário – sem muitos floreios.
A base do enredo é o romance entre Bentinho e Capitu. Mas há um outro possível romance entre Capitu e Escobar, que, no decorrer do livro, forma a suspeita principal de traição, e esse mistério acaba atormentando todos que se dispõem a ler esse grande clássico. Afinal, Capitu realmente traiu ou não Bentinho?
Bento Santiago sempre foi caracterizado como inseguro e ciumento em relação a Capitu por motivos adversos, mas, quando Capitu ficou próxima de Escobar – amigo da época do seminário Bentinho –, o sentimento de ciúmes por parte deste começou a se aflorar de forma exagerada e piorou quando seu amigo morreu, pois Bentinho acabou percebendo que Capitu chorava mais que a viúva de Escobar. Uma pulga foi plantada em sua orelha. Pensamentos ruins que conviviam com ele e pioraram mais no momento em que Capitu deu a luz a “seu” filho tomam conta de Bentinho, que, já transtornado, acha o menino a cara de seu melhor amigo, indo a ponto de negar para si próprio que aquele era realmente seu filho.
O interessante na obra acaba se dando por essa capacidade de enganar o leitor, o qual, mesmo terminando o livro, estudando a obra de palavra por palavra, não consegue realmente saber a verdade sobre nossa querida “cigana oblíqua”. Segundo John Gledson, “a capacidade de enganar, do romance, é extraordinariamente completa”.
Deixo indicado o livro. E a quem não gostar ou não tiver um tempo para ler essa maravilhosa obra, há um seriado, da emissora Globo, com nome Capitu, que, em minha singela opinião, é muito bom. Mesmo não sendo a obra, acaba representando um bom começo para conhecer esse grande escritor.
Por Kamilla Ferreira

Crime e Castigo
Kamilla Ferreira
Crime e Castigo, de Dostoiévski é considerado um dos maiores romances da história, por englobar sentimentos e passagens psicológicas de um assassino que desde o inicio se apresenta como um marginalizado pela sociedade, visto por muitos como um louco, mesmo um perdido. Com um estilo único de revelar o sentimentos e conflitos íntimos da personagem, Dostoiévki acaba assim prendendo o leitor até as ultimas linhas de sua trama.
O romance se inicia narrando a historia de Rodion Raskónikov um ex-estudante que como fonte de renda acaba fazendo traduções de textos, o que não gera uma grande renda. Morando quase em um buraco de rato, de tão minúsculo que era o seu dormitório alugado em São Petersburgo, acaba se vendo em uma situação de uma forte dificuldade financeira e além das traduções, também acaba penhorando seus bens.
Mesmo com toda dificuldade, pelo seu próprio ego, ele não aceita nenhuma ajuda externa para melhorar sua situação financeira. Pego pelo desespero de não ter mais o que penhorar, sem opções de fonte de dinheiro ele acaba planejando um crime… visto por ele como correto e o que deveria ser feito. Mas apos o crime ele acaba ficando surpreso com suas atitudes e um tanto imagináveis para um ex-estudante.
Com o passar dos dias Rodion acaba ficando cada vez mais paranoico com a situação, já que o assunto corria desenfreado por toda cidade, em todos os locais havia alguém querendo saber quem cometeu o tal crime, quem seria capaz de ter tal atitude vista por muitos com maus olhos. Toda vez que alguém o questionava sobre o assunto ele tinha uma reação diferente indo de delírios a diferentes transtornos psicológicos corriqueiros e tendo ate um medico contratado por seu amigo para que melhorasse de seus devaneios.
Ao decorrer da trama vemos que o cerco vai se fechando sobre nosso personagem principal, mas qual será o fim de nosso jovem Rodion? Perguntas como essas somente poderão ser respondidas quando lerem a obra. Sendo sincera tem algo mais tem algo mais triste do que saber assim friamente o final dessa majestosa obra. Para aqueles que não gostam de ler ou não possuem tempo deixo indicada uma minissérie feita pela BBC em 2002 com o titulo da obra, foi uma das filmagens que mais se assemelha com a trama que Dostoiévski nos apresenta.
Vidas Secas

O livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, apresenta a vida de uma família pobre e leiga que, após ser expulsa pelos donos de sua antiga casa, vê-se obrigada a partir de sua cidade natal para procurar melhores condições de vida.
A trama se passa no sertão nordestino e conta a história de Fabiano (o pai), Sinhá Vitória (a mãe), os dois descendentes do casal, chamados pelos pais de filho mais novo e filho mais velho, o papagaio e a cadela – chamada Baleia. Após passarem dias vagando pelas estradas de terra do sertão brasileiro, a família encontra refúgio em uma fazenda “inabitada”, próxima a uma cidade onde a história ganha repercussão após uma briga de bar entre Fabiano e um guarda da cidade por causa de um jogo de cartas.
A estrutura do livro é simples e de fácil entendimento. Os textos são compostos por diversas ações rápidas, separadas por vírgulas que passam ao leitor uma ideia da pobreza vocabular presente nas vidas dessas pessoas. O livro Vidas Secas representa a triste realidade de muitas famílias nordestinas, o que o tornou uma crítica social aclamada até os dias atuais e, com certeza, uma leitura indispensável.
Juan José

O Alienista
Esta obra ajuda a inaugurar a fase realista de Machado de Assis e apresentando diversas características novas no mundo literário, como a análise psicológica e a forte crítica social. Devido a sua extensão e a outras características narrativas, alguns críticos afirmam que se trata de uma novela e não um conto; mas como esse texto não apresenta as principais características de uma novela – uma maior preocupação com o enredo, superficialidade psicológica das personagens-, o Alienista é classificado como um conto pela UnB.
Machado de Assis coloca em questão nesse conto as fronteiras entre o que é real/normal e o que anormal/irreal, através de um médico que se esforça em tentar entender os distúrbios psicológicos da população. Dessa forma pode-se dizer que há uma proximidade entre a personagem do Dr. Bacamarte com o próprio Machado, já que o autor também está interessado em analisar as diversidades e as atitudes das pessoas em relação ao social.
A personagem do Dr. Bacamarte segue com rigidez e frieza todas as suas teorias cientificas, Machado de Assis dispõe de outras personagens ricas em detalhes. Dentre todas as espécies sociais, aparece D. Evarista, esposa dedicada, que ama e admira o marido; apesar de ter sido escolhida pela sua forma física e inteligência, para gerar filhos saudáveis. O pensamento de Bacamarte era que ele queria que todas as suas descobertas cientificas se perpetuassem na história junto de seu sobrenome. Por mais que Evarista o ame, sentia ciúmes de toda a sua dedicação perante a sua pesquisa em detrimento dela.
Em contrapartida, temos Crispim Soares, que é o botânico da cidade. Ele admira, respeita tudo o que o alienista diz, porém por puro interesse próprio, de forma a conseguir vantagens. Além dessas personagens principais temos os que no início da obra são considerados loucos e acabam indo para a casa verde –uma espécie de manicômio onde o Dr. Bacamarte os estudaria e tentaria compreender e desvendar a loucura- já que a sociedade local os definia assim.
No decorre da obra o conceito de loucura vai sofrendo alterações, quando 75% da população está internada na casa verde acaba gerando uma revolta popular, ao passo que o próprio analista com base na “análise científica” percebe que seus métodos não podem estar corretos, liberando os internados. Dessa forma ele entende que os “loucos” não poderiam ser todos aqueles em que havia algum desequilíbrio das faculdades mentais, mas sim, o contrário, aqueles em que esse equilíbrio fosse pleno.
Agora a casa verde acolheria aqueles em que o equilíbrio mental era perfeito. O interessante dessa parte é a forma que o alienista utiliza para os curar, atacando onde a moral perfeita dessas pessoas. Em um ano e meio obteve o sucesso total de sua experiência, mas isso não foi o suficiente para acalmar sua alma de cientista.
Ao concluir que não havia mais nenhum “louco” na cidade, ele começa a analisar o seu próprio ser, descobrindo que sua moral e seu pensamento eram perfeitos acaba se internando e se isolando na casa verde. Mostrando que o Alienista possivelmente era o alienado, o louco da história.
Kamilla Ferreira
ANNABELLE 2
Annabelle é um filme que está dando o que falar nas últimas semanas. O
filme traz uma história aterrorizante sobre uma boneca, que no começo do filme
aparenta ser totalmente inofensiva, porém com o decorrer da história, esta
aparência bondosa como de qualquer outra boneca é totalmente afundada.
O filme começa mostrando uma família norte-americana comum, não eram
os mais felizes nem os mais tristes, viviam na medida certa. O pai de Annabelle
era um grande fabricante de bonecas artesanais, produzia milhares delas,
sendo algumas dessas para sua filha.
Certo dia voltando da igreja, o carro da família para no meio da estrada
devido um problema mecânico, ficando à deriva de qualquer acidente, e é aí
que acontece o pior, Annabelle é atropelada e acaba morrendo.
Os pais da menina estava extremamente abalados, quando começam a
notar alguns sinais vindos da boneca favorita da filha. O filme passa, mostra
alguns sinais assustadores e conta que os pais de Annabelle autorizaram que o
espírito da filha entrasse na boneca. Tudo estava sob controle no começo, mas
com o passar do tempo, a boneca começou a aterrorizar a família e a solução
foi prendê-la em um quarto, isolando a boneca de todo o mal.
Certo dia um orfanato pede para que os pais de Annabelle cedessem
parte da casa como abrigo. Eis que uma das meninas do orfanato resolve
mexer na boneca, e aos poucos ela volta a ter todos os poderes malignos que
tinha antes. A menina acabou em uma cadeira de rodas depois de
muitas reações aterrorizantes de uma assombração que deixa qualquer
espectador surpreso. Algumas mortes acontecem e é aí que a freira que cuida
das crianças resolve que está na hora de ir embora daquela casa, porem é
dentro do carro tentando fugir que o filme acaba, deixando um gostinho de
quero mais.

Bernardo Gondim

Os 13 Porquês
O livro Os 13 porquês escrito por Jay Asher em 2009, conta a historia de uma menina, Hannah Barker, que por motivos de seu cotidiano resolve cometer suicídio e deixa 7 fitas cassetes com seus 13 motivos para ter cometido tal ação. Antes de cometer o ato, Hannah grava as fitas, as enfeita e coloca em uma caixa de sapatos e as envia pelo correio, o que da inicio a nossa deliciosa trama.
A trama é narrada por Clay Jesen, que há algumas semanas tinha recebido a noticia da morte de Hannah, o que o tinha chocado bastante e gerado questionamentos sobre os motivos que a teriam levado a esse ponto. Quando Clay voltava da escola acaba encontrando uma caixa de sapatos com as 7 fitas, endereçadas a ele, mas sem um remetente. Intrigado Clay tenta ouvir a primeira fita e escuta a voz de Hannah, falando que se ele estaria escutando as fitas seria porque ele seria um dos motivos da morte dela.
O livro corre com Clay tentando entender cada motivo de cada fita, com o passar ele acaba vendo que as pessoas com que convivia e via todos os dias na escola eram capazes de um mal e de causar tanto sofrimento a vida de alguém. Ele percebe que Hannah não era o que ele simplesmente pensava, ela era complexa e cheia de segredos. Como um apaixonado, Clay não conseguiu ver as mudanças de Hannah e no final se culpa por não ter sido capaz de admitir e de se preocupar mais com quem ele tinha sentimentos.
O que podemos levar desse livro e que nossas ações podem ser muito nocivas na visão de alguém que já esta sofrendo. Mesmo que para nós essas ações possam ser colocadas como “tanto faz”, para alguém pode ser a última gota.
Com a atualidade muito voltada para internet e para as coisas que lá são faladas e com os casos de depressão em jovens aumentando drasticamente, o livro traz um tema realmente interessante e que, em minha opinião, deveria ser trabalhado tanto nas escolas, como em casa também. A depressão é uma doença que pode sim ser tratada e curada com o acompanhamento de médicos e psicólogos, a grande questão estaria em admitir e perceber que se tem.
No caso do livro, Hannah tenta, por vezes, “soltar” e contar o que estava passando, antes de cometer o suicídio. Entretanto, as pessoas acabavam não percebendo ou ate mesmo ignorando os fatos que comprovavam a tendência de Hannah ao suicídio. Uma situação na qual a própria escola teria colocado uma cartilha sobre como perceber pessoas com tendência ao suicídio, antes da morte dela -o que, em minha opinião, seria realmente uma ignorância por parte dos educadores e da própria escola.
Deixo indicada a serie ou o livro a quem tiver interesse. As duas trazem as mesmas ideias, com claro algumas alternâncias na trama.
Por Kamilla Ferreira

3096 DIAS
O livro 3096 Dias é uma autobiografia sobre o período de oito anos em que Natascha Kampusch ficou sequestrada, até a sua fuga do cativeiro em 2006. Na época do sequestro, ela tinha apenas dez anos e tinha acabado de ganhar a liberdade de ir de casa até o colégio sozinha, algo que conseguiu com muita insistência.
No livro ela relata o que fazia e o que pensava antes de ser sequestrada, enquanto ia para a escola com remorso de não ter se despedido de sua mãe com sempre fazia.
Durante a leitura dos relatos de Natascha, percebe-se as mudanças súbitas de humor, personalidade e paranoia nos meses e anos em que passou sequestrada por Wolfgang Přiklopil, sendo submetida a todo tipo de humilhação psicológica e sexual, tortura física com surras constantes e privação de comida e luz.
Com o passar dos anos a segurança de que Natascha não fugiria era tanta, que ele a levava a lugares públicos como supermercados, farmácias, mercenária e até uma estação de esqui, e em todos esses lugares ela tentava sorrir como sorria nas fotos espalhadas por toda a cidade, porém infelizmente ninguém nunca a reconheceu. E essa confiança foi gerada pelas constantes ameaças de morte que Natascha recebia caso fizesse algo que chamasse a atenção.
O livro faz com que imaginemos o que faríamos nessa situação e ter uma pequena noção desse grande sofrimento. Essa história deve servir como exemplo de que tudo pode mudar em um piscar de olhos e que mesmo a pessoa mais pura está sujeita a esse tipo de crueldade.