Ocupação e foco
- Nalu Carneiro
- 1 de nov. de 2016
- 2 min de leitura

Temos visto ultimamente nos noticiários a repercussão das ocupações das escolas secundárias em diversas cidades brasileiras, inclusive na capital do país. A luta por direitos que estão sendo usurpados, por quem quer que seja, se pelo poder público ou privado, se institucionais ou por outro tipo de organização, é totalmente legítima e desejável, contudo, para que uma manifestação ou movimento alcance seus reais objetivos é preciso, além de mobilização e organização, ter foco. Não que essas ocupações não tenham organização e mobilização, isso elas têm de sobra, não podemos negar. O que lhes falta é o foco, o objetivo prático. Ocupar escolas só por ocupar não surte efeito nenhum, além de trazer a sociedade contra os invasores e a sua causa. Qual é a clara intenção deles? Evitar que a PEC 241 seja aprovada, mas onde está a pauta, as reivindicações, as alternativas? Consideram que a PEC, se aprovada, vai prejudicar ainda mais os investimentos em educação, o que é meritório, afinal os governos federal e estaduais já não investem o que se deve na educação, com a famigerada PEC esses investimentos devem sofrer, segundo imaginam os estudantes, ainda mais cortes.
Pois bem, a PEC 241 não tramita nas escolas, pois tem sua tramitação constitucional no Congresso Nacional, portanto as ocupações mobilizadas e organizadas estão atirando a esmo. A verdadeira arena é o Congresso Nacional, é certo que as ocupações incomodam, mas um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais. Então, se a intenção é incomodar as autoridades quanto à criação e votação da tal PEC, vamos incomodar os donos da bola, ou melhor, quem está com a bola, deputados e senadores, Congresso Nacional.
Sem querer soar leviano, mas me parece que o que se pretende é manter o foco longe do Congresso Nacional deliberadamente, não se sabe se por iniciativa das lideranças ocultas desse movimento, ou a ingenuidade dos estudantes ocupantes manipulados.
Então, vamos voltar o foco para o seu verdadeiro foro de debate: A rampa do Congresso Nacional. Vamos ocupar as cercanias do Congresso Nacional, é claro que deve ser um movimento coordenado para que surta realmente os efeitos desejados. O que mais amedronta o político é o povo nas ruas. Quanto mais longe do Congresso Nacional, a casa do povo, permanecerem as ocupações, mais os políticos agradecem. E já se perdeu a votação em dois turnos na Câmara dos Deputados. Mas, nem tudo está perdido, ainda tem a votação em dois turnos no Senado Federal. Vamos à rua!
Movimento como essas ocupações, mobilizadas e organizadas incomodam as autoridades e os políticos; movimentos mobilizados, organizados e focados incomodam muito mais e promovem mudanças.
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