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Brasília com B de Bandas!

  • João Carlos Nepomuceno
  • 23 de mar. de 2017
  • 6 min de leitura

Foi quando eu vim para Brasília que eu descobri esse mundo de bandas nacionais. É claro, eu já conhecia algumas, sempre escutei muita música. Mas foi só morando em Brasília que eu pude me aprofundar nas histórias dessas bandas que marcaram tanto a vida dos jovens (que hoje em dia já são adultos).

E, quando você presta atenção, é possível notar que esse mundo de bandas não acabou. Elas continuam surgindo, com menos fama do que antes, batalhando para chegar ao topo, lançando músicas com dinheiro próprio; com membros que, em uma sociedade que endeusa advogados e médicos, só querem se tornar músicos e deixar marcada a sua mensagem.

Nada mostraria melhor essa realidade do que uma entrevista com uma banda que possui participantes presentes no nosso dia a dia. A banda Havona, nascida em Brasília e apoiada solidamente na força de vontade de seus membros, possui 4 integrantes que ainda estão no Ensino Médio, sendo dois deles estudantes do Ún1co. Descubra, pela entrevista, quem são eles, como surgiram e as dificuldades de cuidar de uma banda.

Bruno é o vocalista, tem 25 anos e estuda música na UnB. Seu primo, Luís Guilherme (LG), é o tecladista, tem 17 e também estuda música. Tajes é o baixista, tem 15 anos e estuda no La Salle. Pedro De Castro é guitarrista, tem 16 e estuda no Corjesu. Klayton Dias (guitarrista) tem 16, João Pedro (baterista, também chamado de Jota) tem 15 e ambos estudam no Ún1co. O empresário é o Ítalo Guerra, 25 anos e servindo ao exército.

Q & A

FU: Onde vocês se conheceram e como foi essa coisa de formar uma banda?

KD: Eu, o Jota, o Tajes e o De Castro nos conhecemos desde o Ensino Fundamental. No nosso 9º ano, que foi o nosso último ano naquele colégio, teve um festival de música religiosa e a gente participou. Só nós quatro, porque só podia gente do colégio mesmo. E aí o pessoal chamava a galera pra tocar, pra ter um contato com a música. Então, a gente se juntou e decidiu tocar. Depois eu conheci o Bruno e o Ítalo, e o Bruno foi ajudar a gente a produzir, a compor as músicas, ajudou com presença de palco, ajudou em tudo! Porque ele já tinha experiência de antes, entendeu? Com outras bandas. Daí tocamos lá no festival e, no fim, vimos que era algo muito massa e que a gente gostava daquilo, que queríamos mandar aquilo para frente.

E foi o que a gente fez. Nos juntamos, o Bruno já tinha participado de várias bandas, já sabia das coisas e disse que ia ser o nosso vocalista. Eu quis ser guitarrista; o Jota, baterista; o Tajes, baixista; e o De Castro quis ser guitarrista também. Depois o Bruno nos apresentou o LG, para ser o tecladista.

FU: Sobre a produção e ter um lugar para gravar, é difícil de encontrar?

IG: Olha, lugar para gravar é fácil, é só... Ter dinheiro. O difícil em Brasília mesmo é conseguir um horário. Hoje em dia, tá cheio de banda autoral, então, pra conseguir um horário, você tem que ter uma certa antecedência. Produtor é a mesma coisa, né? Bem caro. Um bom produtor é caro e é ele quem tem que te aceitar, de certa forma. Você tem que mostrar suas músicas pra ele, ele tem que aprovar, tem que achar que é algo a ver com o estilo dele, pra ele poder produzir. Então, tem essas duas dificuldades. É conseguir um cara que goste do seu estilo e que tenha horário.

Pros melhores produtores, também, você só vai conseguir horário pra dali a seis meses, um ano. E quanto melhor, mais caro é. Só que tá cheio de produtor meia boca também, né? Nós até já tivemos alguns problemas de produtor querer transformar a banda na banda dele ao invés de deixar ela ser a nossa banda. Essas são as dificuldades com um produtor.

FU: Para vocês que ainda estão na escola, é difícil conciliar a atividade de tocar na banda com os estudos?

PC: Não. T: Não. JP: Não. KD: Não. LG: Essa é a hora de falar mal daquele professor que você não gosta, hein? JP: Assim, só é um pouco difícil quando algum professor passa muito dever um dia pra entregar já no outro, sabe? Como se só a matéria dele existisse?

FU: Tirando o foco dos estudos, é difícil conciliar a música com o resto do dia a dia?

KD: Normalmente nós separamos os horários e dias pra ensaiar e treinar, né. Se às vezes estiver tudo muito lotado, a gente pode deixar o dia todo só pra estudar. Se o outro dia estiver mais vazio, é treino. Sempre tem um ensaio por semana, então o resto da semana é só treinar. E aí a gente vai conciliando.

FU: Como é a família de vocês em relação a vocês tocarem?

T: Cara, a Havona é a minha família. TODOS: Awn! T: Minha mãe apoia. JP: A minha não gosta muito não. KD: Pô, os meus pais apoiam!

FU: Eles apoiam para vocês seguirem como uma carreira?

KD: Assim, se der dinheiro, sim. Desde que eu estude também. PC: Minha mãe me apoia bastante. Meus pais são músicos.

FU: Bruno, e você? Como que é a sua família em relação a essa coisa de você querer tocar?

B: A minha família, na verdade, ela sempre me apoiou bastante. O meu pai sempre gostou muito de música. Foi ele quem me introduziu no violão, quando eu tinha 11 anos. Nessa época ele já tocava há cerca de 30 anos, mais ou menos. A minha mãe, ela se interessou pela bateria, ela tocava um pouco de bateria. Então, eles sempre me incentivaram a seguir esse caminho de músico. Por vários motivos, né? Por várias coisas que a música traz. A capacidade de concentração aumenta, você fica mais tranquilo e é bom ter a música como um hobby mesmo.

Um pouco depois, meu pai decidiu ter a profissão de luthier, que é a fabricação de instrumentos artesanais, como violão, violino, contrabaixo e instrumentos de madeira em geral. Ele fez um curso e hoje ele está trabalhando nesse mercado tem uns 7 anos. Ele faz os instrumentos por encomenda, então, o músico vai lá, meu pai mede os tamanhos do músico, pra fazer um instrumento bem exclusivo mesmo.

Aí tem o meu primo (LG), que sempre foi um cara muito da música. Quando ele estava no terceiro ano, o pai dele me disse que achava que o LG tinha desanimado um pouco da música. E aí eu estava precisando de um tecladista na época...

LG: Eu tocava guitarra, mano!

B: É, ele tocava guitarra! Eu sugeri pra ele: ‘Cara, estou precisando de um tecladista na minha banda, quer entrar?’ Ele disse ‘Bora!’, não sabia tocar o instrumento, aprendeu rapidamente e tá aí com a gente até hoje. Me auxilia bastante na produção das músicas, afinal, ele é o com mais musicalidade, né? Inclusive, ele até está procurando entrar pra música na UnB.

FU: Vocês acham que existe um de vocês que é aquele cara que dá mais ânimo para os outros? Aquele que diz “não desiste agora”?

B: Eu acho que isso existe, mas também acho que, na nossa banda, cada um tem o seu momento de fazer isso. De vez em quando, algumas pessoas estão desanimadas e existe uma pessoa que vai lá e dá o gás, entendeu? Todos nós temos um pouco disso e, em um momento, cada um tem que usar isso. É claro que não dá pra todo mundo ser animado o tempo todo, afinal, cada um tem uma vida fora da banda, mas a gente sempre tem alguém que é o cabeça, né? Que diz ‘Olha, galera, não vamos parar agora não, porque isso aqui tá dando certo, porque a gente ama isso, porque a gente é muito amigo’. E é isso, mais ou menos.

FU: Todo mundo aqui quer seguir como artista ou alguém tem a banda como um hobby?

B: Vou falar por mim e pelas pessoas que eu conheço. Eu estudo música na UnB, faço Composição e Regência lá. E, na verdade, a banda é meu plano A. É o meu projeto de vida. Eu tenho as minhas composições, que são as músicas da banda, que eu disponibilizei pra banda. Faço os arranjos e procuro viver disso.

Eu sei que a galera daqui é jovem, mas nós descobrimos muitos talentos, muita força de vontade das pessoas. E eu acho que muitas pessoas, apesar de não terem o sonho de ser músico, de seguir essa carreira, muitos têm potencial pra isso e podem seguir com isso paralelamente aos sonhos deles. Como eu falei, o LG tá seguindo essa carreira agora, ele tá querendo virar músico e antes queria engenharia! Um mês antes do vestibular, ele falou ‘Quero música’ e agora tá aí se dedicando a isso.

FU: E vocês? Vocês querem continuar como artista ou a banda é um hobbie?

PC: Não, eu quero continuar como artista.

T: A vida como artista.

KD: A vida como artista, claro.

JP: A vida como artista.

FU: Por último, porque “Havona”?

LG: Porque tem um creme pra pele chamado Havona e ele é muito bom! B: Esse creme existe mesmo.

IG: Eu tenho um link pra isso.

B: Havona é o nome espiritual do Universo Central. A gente acredita que existe um Universo Superior, em forma espiritual mesmo, e que ele domina os outros Universos. Ou seja, ‘Havona’ é o nome do nosso Universo, o maior que existe. E a gente acredita que ele tem uma grande quantidade de energia positiva e atrai coisas boas. Como a gente queria um nome positivo, escolhemos Havona, que é um nome que, com o tempo, vai mostrar tudo aquilo que a gente quer apresentar para o mundo.


 
 
 

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