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Medicina não é uma ciência exata

  • Henrique Campanharo
  • 30 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

Quando a pequena, Luana passou a produzir um liquido transparente que escorria de seu nariz e a fazia espirrar. Ela não estava resfriada, tinha caído da bicicleta e fraturado gravemente a base do crânio com perda de liquor. Quando o filho do Dr. Lincoln apareceu na cozinha cheio de bolhas na pele, não eram queimaduras das panelas, como pensou seu pai, mas a deficiência genética de uma proteína chamada Caderina. Assim como não era gravidez quando Laura percebeu sua barriga crescer diariamente, sentir cólicas abdominais, enjoo e parar de menstruar; mas um teratoma, um tumor geminativo que pode dar origem até a cabelos e dentes nos ovários, por exemplo. Apesar dos nomes fictícios, os exemplos são verdadeiros e não param por aqui.

Existe todo tipo de doenças, com seus sinais e sintomas particulares, alguns mais específicos, outros menos. Assim, em tese, apenas com base nos sintomas, bastaria um aplicativo de celular para fazer os diagnósticos e procedimentos, o que colocaria em cheque a profissão médica. Porém a Medicina não é uma ciência exata. A Medicina cuida de doentes, e não de doenças, como no passado. Hoje, mesmo dentro da farmacologia, existe o que chamamos de farmacogenética, por exemplo. Alguns medicamentos, que, em certa dose, poderiam ser letal para um paciente X, em um Y, poderiam não surtir efeitos terapêuticos laboratorialmente observados. Logo, cada paciente é um indivíduo único, porém a individualização genética, apesar de tendência, ainda é inviável em termos econômicos ou de saúde pública.

É por todos esses motivos que surge a Medicina Baseada em Evidencias, na qual os estudos técnicos e protocolos médicos não são razões absolutas, mas probabilidades consideradas. Ou seja, se há 1% de chance de uma criança nascer com uma determinada síndrome genética, essa probabilidade deve sim ser considerada, porque um entre cem, ou um entre um milhão de pessoas, é também um indivíduo com sentimentos, desejos e necessidades próprias. Nem sempre, o que se observa em análises laboratoriais ou estudos com pequena quantidade de pessoas e em poucos anos de pesquisa é o que se verifica na prática do dia a dia. Quando se pede um hemograma e este vem alterado, não se trata o hemograma, mas o paciente, pois pode ter havido tanto um erro do equipamento quanto um erro humano. Logo, na Medicina, é imprescindível a figura do médico, aquele profissional que confia, mas desconfiando dos resultados, que tem a sensibilidade de observar o paciente e mudar a conduta conforme a evolução desse paciente; até porque existem inúmeras doenças de fundo emocional. É o médico que tem a sensibilidade de incluir no diagnóstico e no tratamento não só os elementos técnicos, mas condições econômicas, sociais, culturais, sexuais e étnicas. Antes de tudo, a Medicina não é feita de números ou scores. É, sim, feita por pessoas que tratam outras pessoas.


 
 
 

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