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No meio do caminho tinha uma pedra...

  • João Carlos Nepomuceno
  • 16 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Nota:

O bom de pesquisar sobre a vida e a obra de qualquer escritor é entender que, no fim das contas, todos eles são gente como a gente. São pessoas que só seguiram por outra bifurcação na complexa estrada da vida. Eles poderiam ter se tornado médicos, soldados, pilotos, engenheiros. Mas preferiram fazer seu nome escrevendo obras e mais obras, livros e mais livros. Muitos morrem achando que nem escreveram o suficiente. Todos eles têm seu grupo de fãs, de leitores apaixonados.


Mas nunca vão deixar de ser como nós. Ao longo da vida, sofreram por amor, pela morte de um amigo ou de um parente, passaram por situações perigosas e até mesmo de miséria. Assim como eu ou você podemos passar por.


Talvez seja exatamente por isso que os escritores são relembrados e celebrados por tantas pessoas. Eles são extremamente comuns, mas encontraram tempo para deixar para nós uma grande coleção de mensagens, motivações, aventuras, romances e muito mais.

No dia 17 de agosto deste ano (2017), estarão completos 30 anos sem Carlos Drummond de Andrade, escritor que deixou para trás obras para todas as idades e influências em muitas pessoas e lugares.


Poeta, contista e cronista, Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902. É o nono filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade, ambos descendentes de famílias muito antigas no Brasil. Sempre estudante de colégios internos, Drummond teve que largar o Colégio Arnaldo, da Congregação do Verbo Divino, por causa de problemas de saúde. 3 anos depois, é expulso do Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, por “insubordinação mental”.


Em 1920, um ano após sua expulsão, muda-se com a família para Belo Horizonte, onde começa a publicar seus primeiros trabalhos no Diário de Minas. Em 1922, ganha um prêmio de 50 mil réis ao ser vencedor do concurso Novela Mineira com o conto “Joaquim do telhado”. Acaba entrando para a Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, em 1923. Casa-se com Dolores Dutra de Morais, funda A Revista (um dos veículos mais importantes para o Modernismo em Minas Gerais) e conclui o curso de Farmácia, porém nunca exerce a profissão, alegando querer “preservar a saúde dos outros”.


Passou a lecionar Português e Geografia no Ginásio Sul-Americano de Itabira, em 1926. No mesmo ano, volta para Belo Horizonte como redator-chefe do Diário de Minas. No dia 22 de março do ano seguinte, nasce seu filho Carlos Flávio, que viveu apenas 30 minutos (e para quem foi escrito o poema “O que viveu meia hora”). Porém, no dia 4 de março de 1928, nasce Maria Julieta Drummond de Andrade, que se tornaria sua grande companheira para a jornada da vida.

É no ano de nascimento de sua filha que Drummond publica, na Revista de Antropofagia de São Paulo, o poema “No meio do caminho”, um dos maiores escândalos literários do Brasil. Torna-se, também, auxiliar de redação da Revista do Ensino da Secretaria de Educação. Em 1929, começa seus trabalhos em um órgão oficial do Estado, primeiro como auxiliar de redação e logo depois com redator.


Publica seu primeiro livro em 1930. “Alguma poesia” contou com 500 exemplares, todos pagos pelo autor. Vai trabalhar com Cristiano Machado como Auxiliar de Gabinete do Secretário de Interior; sendo que passa a oficial de gabinete quando seu amigo Gustavo Capanema substitui Cristiano Machado. No ano seguinte, seu pai, Carlos de Paula Andrade, morre aos 70 anos.


Trabalha como redator no A Tribuna e depois no Estado de Minas e Diário da Tarde, simultaneamente. Publica “Brejo das Almas”, com tiragem de 200 exemplares. Muda-se para o Rio de Janeiro com D. Dolores e Maria Julieta. Em 1940, publica mais um livro, “Sentimentos do Mundo”, que contou com 150 exemplares para serem distribuídos entre amigos.


De 1941 até 1952, publica “Poesias”, “Confissões de Minas”, “A Rosa do Povo”, “O Gerente” (uma novela), “Poesia até agora”, “Claro Enigma”, “Contos de Aprendiz”, “A mesa”, “Passeios na Ilha” e “Viola de Bolso”; traduz uma obra de François Mauriac e outra de Choderlos De Laclos; colabora no suplemento literário de vários veículos informativos, recebe o Prêmio pelo Conjunto de Obra, da Sociedade Felipe d’Oliveira.


Sua mãe, Julieta, faleceu em 1948. No ano seguinte, sua filha casa-se com um advogado e escritor argentino chamado Manuel Graña Etcheverry e muda-se para Buenos Aires, onde passa 34 anos divulgando a cultura brasileira.


Até a chegada de 1986, um dos últimos anos do poeta, Drummond publica inúmeros livros, poemas, poesias e traduções, além de receber vários prêmios e ter participação em outras obras. É em 1986 que o escritor sofre um infarto e fica internado por 12 dias. No ano seguinte, escreve seu último poema, “Elegia a um tucano morto”. No dia 5 de agosto de 1987, falece sua filha, vítima de câncer. 12 dias depois, quem falece é o poeta, vítima de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória. É enterrado no mesmo túmulo que a filha, no cemitério São João Batista do Rio de Janeiro.


Quem quiser conversar com o escritor, ainda pode visitar sua estátua na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Ela está lá, sentada calmamente, como se a morte nunca tivesse chegado. E provavelmente não chegou. Como todo escritor, Drummond está vivo em cada pedaço de sua obra, em cada gota de tinta gasta em seus escritos e na mente de cada leitor de seus livros.


 
 
 

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