Não é só em setembro
- Kamilla Ferreira
- 1 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
A ajuda deve durar todos os meses.
Uma pessoa a cada 40 segundos morre por suas próprias mãos, mas o assunto é tão escondido, tão maquiado pela mídia, que eu mesma ao escrever as duas primeiras linhas deste texto me prendi para não falar. Quase uma convenção social não utilizar, mas ela está aí. O Brasil é o quarto país latino-americano com a maior taxa de suicídio (a tão temida palavra apareceu), surpreendente, não? O quão pouco sabemos desse assunto, o quão pouco ligamos para o outro que está ao nosso lado para não perceber que a vida já não o agrada mais. Criamos até um mês para que as pessoas liguem o seu senso de humanidade e para que percebam o mal que assola a nossa atualidade.
O que tanto já foi e ainda é considerado tabu, surge de diversos fatores como a depressão, fatores ambientais, desequilíbrio químico, coisas tão individuais, mas mesmo sendo qualquer fator, a ajuda nunca é demais. Saber olhar o outro, se preocupar não custa nada, somente provar que o ser não é mais uma máquina, senão dotado de compaixão e amor pelo semelhante. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos de suicídio podem ser prevenidos, um número grande poderia ser evitado, vidas que poderiam ter continuado, histórias que simplesmente pararam.
O movimento Setembro Amarelo, criado em 2015, junto do CVV (Centro de Valorização da Vida), tenta conscientizar a sociedade sobre a seriedade do assunto, mas uma pena que essa conscientização somente dura um mês, um mês que todos pensam e tentam enxergar aqueles que passam por tantas coisas, mas acabam não demonstrando, aqueles que não veem mais como viver na situação que estão.
O suicídio possui tantas formas de ser evitado, falando é umas principais ajudas, quantas campanhas nesse mês de setembro já não vimos sobre “falar é a melhor solução”, o que ao meu ver não deveria ser só esse o foco da campanha mas também mostrar que os outros deveriam saber escutar. O muito conhecido ditado popular diz que você possui somente uma boca e duas orelhas então escute mais do que fale e é mesmo assim, muitas pessoas não conseguem escutar o outro, não conseguem se importar com o outro, senão não querer ajudar, querer ver que a pessoa melhore.
Com pesar que eu escrevo que isso não é uma crise somente de número, mas também de uma humanidade que não consegue olhar para o outro e saber que não é só no mês de setembro que devemos nos preocupar com o suicídio, não é sobre ter a consciência limpa de ajudar alguém e sobre saber que alguém resolveu confiar à você expor todos os seus demônios e sim isso não é algo tão simples de acontecer.
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