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Pensamentos da noite

  • Juliana Ayumi
  • 1 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

Já é meia noite, e eu não consigo dormir, as horas passam e a insônia não permite o adormecimento da mente. Solto um suspiro, minha alma não descansa, a culpa se apossa de meu corpo, juntamente com a incapacidade e aquela falta de vontade. Mas, e as coisas que apreciava? Já não mais aprecio? A confusão e falta de entendimento são meus inimigos, uma força além não me permite ser feliz. Como continuar? Mesmo não tendo vontade, é preciso lutar. O mundo está todo do outro lado, porém é necessário uma força interna para conseguir me levantar.

Agora já é madrugada, talvez quatro horas da manhã, e, no silêncio da escuridão, por que não consigo seguir? As lágrimas molham meu travesseiro. Por que eu? De onde isso vem? Me mexo na cama em busca de conforto, tento me livrar da dor que meu coração sente, da vontade de sumir.

Ansiedade, medo e desespero, as palavras que mais se apossam de meu vocabulário, esse tormento que não tem fim. A dor não some, aqueles poucos momentos de alegria são passageiros e rápidos, não me dando ao menos tempo de aproveitar.

E então o ciclo recomeça, agora o sol nasce mas eu não quero levantar, eu estou sozinha e sem forças. Me tire daqui, eu imploro que me ajude, me estenda sua mão, mostre-me que não estou só e que posso lutar. Não entendo o que é tudo isso, talvez seja a depressão, como uma cobra que rasteja pelo meu corpo silenciosamente, tirando-me o ar, o sono, a fome, deixando um aperto por onde passa.

Minha mãe, meu pai, meu irmão, meus amigos, por que ninguém consegue entender? Por que nem eu mesma me entendo? As perguntas que não param de me rondar, por que ainda estou aqui? Por que não sumir? Por que ser tão covarde até mesmo para isso? Eu só queria ir para o meio do mar, onde minhas lágrimas não molharão mais minhas mãos, onde o líquido vermelho já não escorre mais por meus pulsos, um local onde estaria livre do incômodo, onde a água levaria o meu corpo para um lugar tranquilo.

Sinto que minha presença incomoda, não sou boa para o mundo, ou talvez o mundo não seja bom para mim? A injustiça me incomoda, ao mesmo tempo em que eu mesma me incomodo. Sou tão inferior assim? Meu cabelo, minhas roupas, meu rosto e o meu corpo, por que não consigo gostar de mim mesma? Mas não há escapatória, apenas um corredor sem fim, e quando mais eu corro, mais cansada eu fico, cansada de estar aqui, cansada de pensar, cansada de ser eu.

Eu, que antes lutava contra isso, vejo que não há mais razão para lutar. Pois se não há ninguém para me salvar, o que me resta é baixar a mão e me entregar à escuridão, e, então ficarei em paz.


 
 
 

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