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Maio Francês

  • Foto do escritor: Rodrigo Pavan
    Rodrigo Pavan
  • 3 de abr. de 2018
  • 4 min de leitura
POR QUE SE CELEBRA OS EVENTOS DE MAIO DE 68 EM MARÇO, NA FRANÇA?


Há 50 anos, os estudaciaria os eventos de maio de 1968. Por que o dia de 22 de março de 1968 permaneceu na História como o começo da revolta estudantil que ficou conhecida como “o Maio francês”? O que aconteceu nesta data?

Quase 150 estudantes ocuparam o 8o. Andar da torre administrativa central da Universidade de Nanterre. Eles exigiam a libertação de jovens ativistas - de esquerda -, opositores da Guerra do Vietnã que foram presos alguns dias antes por terem apedrejado uma agência da American Express. Mas, se tivermos uma visão mais ampla do contexto, os estudantes da Faculdade de Letras, se lentes franceses, ocuparam a Universidade de Nanterre e fundaram o Movimento de 22 de março, que inivantaram contra a “camisa de força” que a sociedade dos anos de 1960 impunha aos jovens.

“Queremos um status de adultos responsáveis e não a situação que vivemos, como se fosse uma situação de um estudante do ensino médio”. Como foi noticiado pelo jornal “Le Figaro” em 13 de fevereiro do mesmo ano. O cotidiano , conservador, reconheceu então “uma trágica incompreensão mantida por regras inadequadas” e denunciava “ uma administração sem imaginação.”.

Na loucura deste contexto, foi fundado assim, o Movimento do 22 de março, liderados por Daniel Cohn-Bendit, um agitador que já era conhecido desde os meses de janeiro de 1968. Anarquista, situacionista, libertário, trotskista confidenciou que o Movimento 22 de março era “ um grupo heterogêneo de pessoas de diferentes horizontes.”

Mas por que Nanterre?

A revolta estava aquecendo os estudantes por quase um ano. A Universidade também recém fundada (1964), era um jovem campus ainda sem identidade. “Nanterre, entre a favela e a lama” um título ainda de uma reportagem do Le Fígaro de 13 de fevereiro. E ainda completava: “Mesmo sob o sol, o campus de Nanterre é triste, na chuva, ele é deprimente.”

Mas claro, que havia o lado mais atraente do campus: o próprio campus. Novas estruturas, prédios, novos, quartos confortáveis, porém com arredores terríveis (Nanterre fica ao norte de Paris). Os moradores da região vivem o ano todo com um horizonte de favelas, trilhos de trem de um lado, obras da futura faculdade de Direito do outro, levando lama para seus arredores, e sempre na espera de uma “auto-estrada” ou até mesmo do metrô para liga-los ao centro de Paris (11km de distância, aproximadamente).

Em 21 de março de 1967, os bravos jovens que residiam no local, enfrentaram as proibições de entrada nos prédios femininos. Essa ação foi uma demonstração do pensamento contrário dos jovens frente as imposições “retrógradas" da sociedade dos anos 1960: “o abuso do proibido” e a “repressão sexual” - fatos também demonstrados, principalmente no festival de música de “Woodstok”, em 1969.

(Slogan: "É proibido proibir”, criado por franceses e que foi copiado pelos movimentos de esquerda no Brasil nos anos 1960)


A faculdade de Nanterre, local de preparação, menos tradicional que as mais antigas instituições parisienses, é o terreno ideal para a construção de novos ideais de contestação da tradicional cultura francesa. Até mesmo alunos do Ensino Médio (Lycée, em francês), se comprometeram a ajudar nas revoltas. Do ponto de vistas dos mais jovens, eles reivindicam além de liberdades políticas, as construções de diversas universidades. A explosão demográfica estudantil é, agora, crucial. Mais do que a libertação sexual dos jovens, elas ocupam em grande parte as mídias francesas, principalmente os jornais. Em sete anos, houve um aumento 2,5 vezes mais alunos do que anteriormente. A seleção para se entrar em uma universidade é posta em cinzas…

As coisas rapidamente se unem. Depois do 22 de março, a agitação continua. O decano da universidade de Nanterre, decidiu, em 2 de maio, fechar o estabelecimento. Os alunos, assim, ficaram livres para espalhar suas ideias, principalmente na Universidade de Sorbonne. No dia seguinte, a polícia evacuou à força 500 estudantes que ocupavam o prédio da tradicional faculdade de Paris.

“O Quartier Latin em estado de sítio” eram as manchetes dos jornais franceses. “Cacetetes e granadas de gás lacrimogêneo contra extremistas de todos os lados!”, completava as notícias. A violência policial para irromper as barricadas estudantis e centenas de prisões alimentaram a revolta. Este foi o ponto de partida das maiores manifestações que ficaram conhecidas como o “Maio Francês”, Além dos estudantes, trabalhadores se uniram a eles para lutar por melhores condições trabalhistas.

O Movimento 22 de março é oficialmente dissolvido em 12 de junho, ao mesmo tempo que outros seus grupos “revolucionários”. As autoridades invocam a lei de 10 de março de 1936 sobres os grupos de combates e as milícias particulares - (segundo esta lei, proposta em Janeiro de 1936, dava plenos poderes ao presidente de dissolver os grupos para-militares - Chamada também de Código de segurança interna. - Artigo L.212-1). Assim, o movimento revolucionário nascido em Nanterre, permanece na memória como um dos desencadeadores (entre outros, claro) dos acontecimentos de maio de 1968 e da grande reviravolta da sociedade francesa do século XX.


 
 
 

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